O médico cubano Ortelio Jaime Guerra, participante do Mais Médicos, anunciou que abandonou o programa do governo federal. Em postagem na sua página do Facebook, ele disse que já se encontra nos Estados Unidos. Guerra trabalhava em Pariquera-Açu, município de cerca de 20 mil habitantes no Vale do Ribeira, interior de São Paulo.
A informação foi confirmada pelo secretário de Saúde daquela cidade, Willian Rodrigo Virgínio de Souza. O Ministério da Saúde, porém, ainda não confirmou a saída de Guerra do Mais Médicos.
Na mensagem escrita em portunhol, Guerra agradeceu aos amigos que fez na cidade. "Meus amigos de Pariquera Acu, eu preciso que voces conhecan que tivei que ir embora de la sim falar isso pra ninguen por cuestiones da minha seguranca (?) Estou muito agradecido por toda sua bondade, e seu amor, prometo que vou a voltar um dia pra ver a voces, e sempre ficaram no meu coracao", disse ele, completando: "Disculpen meu portugués, nao tivei muito tempo pra perfeccionarlo, um beijo e um abraco muito grande pra todos".
Em outra postagem, dessa vez em espanhol, o médico diz: "Para todos meus amigos do Face que me enviaram mensagens preocupados com minha ausência, agradeço-lhes infinitamente, estou bem, agora nos Estados Unidos, e ainda que considere que preciso dar este passo, sempre me sentirei muito orgulhoso da minha terra e minhas raízes."
O médico não dá detalhes dos motivos que o levaram a abandonar o programa. Na semana passada, Ramona Matos Rodríguez, outra médica cubana, deixou o Mais Médicos, dizendo se sentir enganada pelo governo cubano. O programa paga um salário de R$ 10 mil aos participantes, mas, no caso dos cubanos, o governo da ilha se apropria da maior parte dos rendimentos. Os médicos ficam com apenas US$ 1 mil, dos quais US$ 400 são depositados em uma conta bancária no Brasil.
Outras US$ 50 podem ser sacados por alguém indicado pelo médico em Cuba. Os outros US$ 550 vão para a ilha, podendo ser movimentados pelo profissional somente depois que voltar ao país. O secretário de saúde de Pariquera-Açu, Willian Rodrigo Virgínio de Souza, disse que há mais cubanos no município atendendo pelo Mais Médicos.
André de Souza e Leonardo Guandeline
O Globo