O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira (5), em entrevista exclusiva ao SBT Brasil, que não tem medo de ser preso. "Eu não temo porque eu duvido que tenha alguém nesse país, do pior inimigo meu ao melhor amigo meu, do pequeno ao grande empresário, que diga que algum dia teve alguma conversa ilícita comigo. Eu tenho a consciência limpa", declarou.
Durante a conversa com o jornalista Kennedy Alencar, o petista disse que fica imaginando quantas pessoas usaram o nome dele para obter vantagens, em referência a investigações envolvendo amigos próximos a ele. "Você não sabe a quantidade de desmentido que é feito todo dia. É preciso que a gente não dê confiança ao bandido e desconfiança ao inocente", declarou o ex-presidente, que sorriu diversas vezes ao ouvir perguntas sobre o assunto.
Lula afirmou ainda que nunca foi alertado sobre casos de corrupção na Petrobras antes da descoberta do esquema criminoso na estatal pela operação Lava Jato. "Eu não fui alertado pela gloriosa imprensa brasileira, pela Polícia Federal ou pelo Ministério Público. Nunca ninguém me disse que tinha alguma coisa", disse o ex-presidente, que afirmou ainda ter sido o "presidente que mais visitou a Petrobras".
"Essas coisas você só descobre quando a quadrilha cai ou quando alguém denuncia. Quantas coisas acontecem com seu filho dentro da sua casa e você não sabe", afirmou ao jornalista.
Questionado sobre críticas feitas a ele pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Lula disse achar que o antecessor tem um problema pessoal com ele. "Eu tinha uma boa convivência com ele, mas eu acho que ele tem um problema comigo, de soberba. Ele sofre com o meu sucesso. Ele devia pensar 'o Lula não fala inglês, não vai saber conversar com as pessoas'. Mas o meu governo foi admirado em todo o mundo", respondeu o petista.
O petista afirmou ainda que FHC tem que lembrar o episódio da compra dos votos para aprovar a reeleição no Congresso, em 1997, no primeiro mandato do tucano, "toda vez que tiver que falar de corrupção". "Ele tem que lembrar que não havia investigação no governo dele", completou.
Sobre o governo da sucessora, o ex-presidente declarou que a presidente Dilma Rousseff "tem que saber que a roda gigante da economia tem que voltar a girar". "Mesmo que seja devagar no começo, ela tem que dar ao povo a certeza de que o menino que nós colocamos no Pronatec (...) vai ter mercado de trabalho", disse o petista.
Lula também afirmou ainda que, entre aumentar imposto, "que a Dilma está propondo com a CPMF" para resolver a crise, e uma forte política de crédito, ele escolheria a segunda opção. O ex-presidente disse considerar um equívoco congelar o preço da gasolina em 2012 e a desoneração do setor produtivo. De 2010 a 2018, foram mais de R$ 500 bilhões em desonerações.
Lula aproveitou ainda para reafirmar que pode ser candidato a Presidência em 2018, se o "nosso projeto" for ameaçado.
"Se for apenas para evitar a oposição ganhe, não precisa nem ser candidato. Mas para defender o projeto, eu posso ser candidato outra vez. Você não tenha dúvida que eu estou disposto", declarou o ex-presidente, que já concorreu à Presidência da República cinco vezes, entre 1989 e 2006.
Veja a íntegra da entrevista abaixo